Descrição
Desastres e calamidades sempre despertaram uma forma de governo diante do acontecimento de crise. Perante plantações ressecadas pelo Sol, submersas pelas águas da inundação ou destruídas por pragas, faraós, imperadores e demais governantes estabeleciam reservas de alimentos em celeiros, distribuíam alimentos e roupas para toda a população, perdoavam impostos nas áreas atingidas, etc.
No mundo contemporâneo, tais mecanismos e dispositivos de poder se aperfeiçoaram. Desastres têm sido objeto de uma biopolítica: são inseridos numa série de acontecimentos prováveis, passam por cálculos de custo, elaboram-se métodos de observação, entram numa estatística, etc. Ademais, adotam-se técnicas de governo para declarar estado de exceção e criar fissuras no ordenamento jurídico, como Situação de Emergência (SE) e Estado de Calamidade Pública (ECP). Tais declarações são desconexas às demandas sociais de reconstrução e recuperação no médio, curto e longo prazos.
A partir do desastre de São Luiz do Paraitinga (SP), analisa-se o processo de recuperação do município, no período de janeiro de 2010 a junho de 2013. No enredo oficial do desastre há agentes que detêm a fala e produzem seus entendimentos imediatos sobre o mundo do outro, falando pelos atingidos e definindo o que precisam, o que é melhor para eles. Neste livro, analiso o desastre como expressão de relações de poder para entender o campo de forças que conformam os discursos e as práticas. Para tanto, destaco lógicas de poder que se entrecruzam: a do fazer viver, a do deixar morrer e a do fazer resistir.
Especificações
171 páginas – 16×23 – ISBN 978-85-7656-317-4 – 1a Edição – 2015